Entre os dias 10 e 12 de Abril, na FIL – Feira Internacional de Lisboa, a TEKTÓNICA voltou a afirmar-se como o ponto de encontro privilegiado para os sectores da construção, arquitectura e sustentabilidade. Com mais de 300 empresas presentes e uma forte representação internacional, a edição de 2025 foi palco de inovação, soluções técnicas e networking qualificado. Durante três dias, foi possível conhecer tendências, materiais e tecnologias que estão a transformar o sector da construção a nível nacional e global.
No âmbito da sua participação, a Associação Nacional de Coberturas Verdes (ANCV) dinamizou, no dia 11 de Abril, o seminário “Coberturas Verdes e Resiliência nas Cidades”. Uma hora dedicada a apresentar soluções práticas e projectos que demonstram como as infraestruturas verdes estão a ganhar protagonismo na adaptação das cidades às alterações climáticas, promovendo a biodiversidade, a eficiência energética e a melhoria da qualidade de vida urbana.
Entre os casos apresentados, destacou-se a intervenção da Arq.ª Paisagista Vera Clara, responsável do Departamento de Projecto e Construção de Espaços Verdes do Horto do Campo Grande, com um projecto desenvolvido para um centro comercial em Lisboa, um exemplo paradigmático de reconversão de áreas impermeáveis em superfícies verdes com um valor ecológico acrescido.

Desenvolvido pelo Departamento de Projectos e Construção de Espaços Verdes do Horto do Campo Grande, o projecto tem como objectivo transformar mais de 1.600 m² de coberturas em betão em coberturas verdes funcionais. A proposta integrou-se numa abordagem holística, que combinou a requalificação de canteiros existentes, a criação de novas zonas ajardinadas, a instalação de jardins verticais e a implementação de medidas específicas para atrair e fixar biodiversidade no local.
Para além de desempenharem um papel fundamental no isolamento térmico do edifício, as coberturas verdes contribuem para a regulação da temperatura interior e a redução do consumo energético, servem também de reservatório natural de águas pluviais, diminuindo o risco de cheias e melhorando a drenagem urbana.
No total, serão requalificados 540 m² de canteiros, através da plantação de espécies autóctones, mediterrânicas e aromáticas, com o objetivo de atrair polinizadores como abelhas e borboletas, ao mesmo tempo que se criam micro-habitats sustentáveis favoráveis para aves, répteis e insectos. A diversidade vegetal introduzida valoriza ainda a estética do espaço e facilita a manutenção, graças à sua elevada adaptação às condições climáticas locais.



Jardins verticais como solução estética e ecológica
Complementando a intervenção nas coberturas, serão instalados cerca de 200m² de jardins verticais nas fachadas exteriores do edifício, nomeadamente junto às entradas principais. Estas estruturas permitem criar áreas de vegetação onde o espaço horizontal é limitado, sendo compostas por uma selecção cuidada de trepadeiras, herbáceas e gramíneas. Além de purificarem o ar e atenuarem o ruído urbano, os jardins verticais tornam-se elementos visíveis e educativos, sensibilizando os visitantes para a importância da sustentabilidade e da valorização ecológica dos espaços comerciais.
Medidas adicionais para potenciar a biodiversidade
Estão projectadas ainda medidas complementares para potenciar a biodiversidade, com a incorporação de dispositivos de apoio à fauna urbana, como hotéis para insectos, caixas de nidificação para aves e morcegos, bem como painéis informativos para o público. Estas estruturas serão estrategicamente colocadas em zonas protegidas, com exposição solar adequada e acessibilidade controlada, promovendo a fixação das espécies e enriquecendo o ecossistema local.
A criação de microclimas através da modelação do terreno e da instalação de sistemas de drenagem específicos, assegura não só a viabilidade das espécies plantadas, como também reforça o carácter orgânico do espaço. O uso de misturas florais atractivas para diferentes grupos de fauna, com variação de cores e texturas, introduz um desenho paisagístico que alia função e forma, resultando num ambiente rico, sustentável e apelativo.
“É com enorme satisfação que o Horto do Campo Grande constacta que este tipo de soluções são cada vez mais aceites pelos clientes e integradas nos projectos de arquitectura e paisagismo. A nossa missão é contribuir de forma responsável para uma cidade mais verde e sustentável, beneficiando todos os que nela vivem ou usufruem com uma maior qualidade de vida.” afirma Vera Clara.