Ao projecto que requalificou a Praça de Lisboa, na Baixa do Porto, chamou-se Passeio dos Clérigos. Combinar comércio, lazer e o respeito pela importância patrimonial da envolvente num espaço exterior que inclui uma área verde na cobertura, foi o modo de assumir, de novo, esta zona enquanto ponto de encontro da cidade. Um projecto executado em 2013 por uma empresa do grupo Horto do Campo Grande de que nos orgulhamos de fazer a manutenção.
Estabelecer uma relação aberta com a cidade foi a ideia que sintetizou o projecto Passeio dos Clérigos. O processo, concluído em 2013 devolveu à população uma das zonas privilegiadas da Cidade Invicta.
Da autoria do Gabinete de Arquitectura Balonas & Menano, o projecto propunha para a Praça de Lisboa, outrora designada como Mercado do Anjo, uma nova tipografia, com uma forma singular impulsionada pela necessidade de criar espaços interiores (estacionamento já existente e espaços comerciais) que se relacionassem de forma dinâmica com a envolvente.
Assegurar dinâmica e convidar à utilização
Neste sentido, “um dos pontos-chave da proposta foi oferecer um atravessamento concordante com a envolvente, valorizador da mesma, útil, funcional e sem barreiras ou obstáculos, tornando-se num atravessamento / percurso natural”. E assim surgiu uma passagem pedonal que aposta no conceito de comércio de rua. Estabelecimentos das áreas da restauração, moda e lazer compõem a oferta comercial definida para esta via a céu aberto, oferecedora de sombra ou de abrigo da chuva, e que liga directamente os dois locais emblemáticos da praça: a Torre dos Clérigos e a Livraria Lello.
Para assegurar a mobilidade, a conveniência e o conforto, o projecto contemplou também a manutenção do estacionamento automóvel subterrâneo já existente e dotou a via comercial pedonal de uma protecção parcial, que proporciona abrigo no Inverno e sombra no Verão, aos transeuntes e visitantes, que percorrem o espaço.
Mas porque o conceito é de uma vivência plena, à área comercial juntou-se uma área verde de 4.500 metros quadrados, que funciona como cobertura viva da primeira.
Cobertura verde
Nesta zona ajardinada, cuja execução esteve a cargo de uma empresa do grupo Horto do Campo Grande, o destaque vai para as oliveiras centenárias, cujos troncos se apresentam como verdadeiras esculturas vivas. “O acabamento da cobertura, essencialmente verde, deu origem a um jardim suspenso pontuado por árvores em pleno coração da cidade, conferindo ao conjunto um carácter de paisagem. A escolha da Oliveira evoca a memória da antiga porta do Olival. Uma grande parte da área da cobertura é acessível, sendo que as áreas pavimentadas são em réguas de granito cinza”, refere o projectista.
As cinquenta árvores, que pontuam o vasto relvado, atraem o olhar e as objectivas de quem passa, convidando a parar e a usufruir deste pedaço de natureza na cidade. Além de acrescentar uma dimensão de lazer e bem-estar ao local, este jardim traz benefícios ambientais, a várias dimensões. Tratando-se de um “telhado verde” sobre a zona comercial, actua sobre o conforto no interior do edifício, atenuando os extremos de temperatura, diminuindo o consumo energético e melhorando também o isolamento acústico. À escala da cidade, a solução contribui para um aumento da biodiversidade, uma melhoria da qualidade do ar e uma atenuação do efeito “ilha de calor” comum nos centros urbanos.
Base Porto: Mais do que um jardim
Em 2015, chegou ao Jardim dos Clérigos o Base Porto. “Pela Natureza somos sol, céu, lua, relva e árvores. Pela cidade somos arquitectura, luzes, movimento, fascínio e sedução.” É assim que se definem. Com vista privilegiada sobre a cidade do Porto, o Base Porto é um espaço onde há sempre lugar para alegria, amigos e muita música. Destina-se àqueles que procuram descontrair e relaxar a qualquer hora, enquanto desfrutam de uma bebida ou cocktail e degustam um dos petiscos, que são confecionados em parceria com o restaurante Clérigos. Além disto, vale também a pena aproveitar os eventos que dinamizam.
O projecto resultou num Jardim dos Clérigos renovado e revitalizado, que preserva a história da cidade e se tornou um espaço de lazer para locais e visitantes no coração do Porto.
A manutenção pelo Horto do Campo Grande
Carlos Ferreira e Filipe Barbosa são o rosto visível do HCG a Norte. Para além de uma série de outros projectos de manutenção de interior e exterior, realizam a manutenção deste incrível e muito solicitado espaço no centro da cidade do Porto.
Como é fazer a manutenção de um espaço tão procurado quer por locais quer por visitantes, e onde, além de se vir “beber um copo com amigos”, se assiste a concertos, ou se aproveita para desfrutar da vista aquando da visita à Livraria Lello mesmo aqui ao lado?
É um desafio. Manter o espaço limpo e bem cuidado exige uma vigilância permanente e atenção constante para que as pessoas sintam que este jardim é estimado e tratado com carinho e para que possam desfrutar do melhor que ele tem para oferecer.
Desde o projecto inicial do jardim, houve alguma grande alteração ou algum ajuste que tenha sido executado?
Na verdade, sim. O projecto idealizado a princípio contemplava uma vedação com vidro junto à parte exterior. No entanto, com as alterações previstas, os relvados tiveram de ser reduzidos, de forma a criar zonas de canteiro, que além da função estética, têm também uma importante função de protecção, exigindo também a revisão do sistema de rega.
Tendo em consideração as espécies de plantas presentes no jardim, quais considera serem as mais exigentes?
As plantas dos canteiros precisam de ser aparadas e cuidadas, para se manterem bonitas. As oliveiras são reprodutoras, portanto, a poda deve obedecer a essa exigência.
Como mantêm o relvado esteticamente agradável, tendo em conta a quantidade de pessoas que utilizam o jardim?
Esse é um dos grandes desafios! Para tal, adubamos o jardim, sobretudo em Março ou Outubro, e substituímos o tapete, por norma uma vez por ano.
Relativamente ao sistema de rega, quais são as exigências?
As pessoas tendem a partir os bicos de rega, o que exige da nossa parte uma atenção redobrada para substituir as peças danificadas, de forma a garantir o correcto funcionamento do sistema.
© Companhia das Cores para Horto do Campo Grande